data-filename="retriever" style="width: 100%;">Está complicado entender as farpas trocadas entre as várias autoridades de todos os níveis de governo e de todos os poderes. Também não é fácil entender o comportamento de umas em relação às outras. O presidente rompe politicamente com o governador Wilson Witzel e trocam farpas pela imprensa. Parece proposital, porque em ano eleitoral ninguém desconhece o apoio do presidente ao evangélico Marcelo Bezerra Crivella, prefeito do Rio e candidato a reeleição.
Nessa briga, mais estranho ainda foi a atitude do presidente. Em visita ao Rio, convidou para acompanhá-lo o juiz Marcelo Bretas, que foi ao aeroporto recepcioná-lo e o acompanhou em todo o evento, sempre ao seu lado como se fosse seu ministro, assessor ou coisa do gênero. Se quisesse convidar alguém do Judiciário, o protocolar seria convidar o presidente do TRF do Rio ou do TJ. Convidou um juiz de primeira instância responsável por todos os processos da Lava-Jato do Rio. Entre os processados por esta operação, está Eduardo Paes, candidato a prefeito do Rio e concorrente com Crivella.
Crivella estava sempre ao lado do presidente e de Bretas. Nada demais, dirão. Entretanto, nessa disputa eleitoral, em verdade o encontro entre eles serviu como palanque eleitoral. Imagine-se um palanque com o presidente da República, o juiz responsável pelos processos do Paes de Andrade, adversário de Crivella, e este ciceroneando o juiz criminal de seu adversário. Assim é fácil ganhar eleição.
Também não se entende as farpas trocadas entre outras autoridades. O general Heleno acusa o Congresso de chantagear o Executivo e recebe pronta resposta de indignação do presidente da Câmara e do Senado; O presidente acusa o governador da Bahia e do Rio de Janeiro de assassinato do capitão Adriano; Ciro Gomes culpa Bolsonaro pelo ataque ao seu irmão e diz que não se enfrenta fascismo com flores; O filho nº 3 do presidente chamou Cid Gomes de insensato por entrar em quartel com retroescavadeira. Ciro responde carinhosamente chamando Eduardo Bolsonaro de canalha, filho do canalha mor que é o senhor Jair Messias Bolsonaro (sic).
Vinte governadores assinam manifesto repudiando fala do presidente que os desafiou a excluir o ICMS da gasolina para baixar o preço. Acrescentaram contrariedade com a fala do presidente afirmando que isso não contribui com a democracia; O presidente, a seu turno, responde afirmando que é hipocrisia. Uma infinidade de outras trocas de farpas poderia ser mencionada.
Enquanto isso, no Ceará policiais amotinados e vários mortos até aqui, com possibilidade de ramificações desses movimentos pelo Brasil afora. Brasília já está dando sinais disso. Entretanto, a reflexão que devemos considerar é com o comportamento de todos, sem examinar os erros e acertos de cada um. Não está mais do que na hora de somarem esforços para evitar que o Brasil se afunde inexoravelmente?
Substituir esses exibicionismos pela imprensa e redes sociais, por atos de governo, muitos problemas seriam evitados e a soma de esforços contribuiria para evitar o aumento da crise generalizada, sem essa guerra de beleza que é exposta para os que pensam que satisfaz o eleitor do futuro.